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NÃO ENTRES DOCILMENTE ...

Terça-feira, 13.11.07

 

 

 

Still Place by Katherine Kean, oil painting



Não entres docilmente nessa noite serena,
porque a velhice deveria arder e delirar no termo do dia;
odeia, odeia a luz que começa a morrer.


No fim, ainda que os sábios aceitem as trevas,
porque se esgotou o raio nas suas palavras, eles
não entram docilmente nessa noite serena.


Homens bons que clamaram, ao passar a última onda, como podia
o brilho das suas frágeis acções ter dançado na baía verde,
odiai, odiai a luz que começa a morrer.


E os loucos que colheram e cantaram o voo do sol
e aprenderam, muito tarde, como o feriram no seu caminho,
não entram docilmente nessa noite serena.


Junto da morte, homens graves que vedes com um olhar que cega
quanto os olhos cegos fulgiriam como meteoros e seriam alegres,
odiai, odiai a luz que começa a morrer.


E de longe, meu pai, peço-te que nessa altura sombria
venhas beijar ou amaldiçoar-me com as tuas cruéis lágrimas.
Não entre docilmente nessa noite serena.
Odeia, odeia a luz que começa a morrer.


Tradução
FERNANDO GUIMARÃES


Dylan Thomas

(1914-1953)

(in «A Mão ao Assinar este Papel",
Assírio & Alvim, 1998)

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publicado por teresworld às 10:30

DYLAN THOMAS

Terça-feira, 13.11.07

 

 

 

DYLAN THOMAS

Dylan Thomas oil/canvas 100x710cm

by GORDON DICKINSON

 

 

 

Dylan Thomas (1914-1953). Um dos mais importantes poetas universais do século XX, natural do País de Gales, foi um incompreendido em vida (faleceu aos trinta e nove anos), mas a qualidade soberba da sua Obra salvou-o para a História da Literatura. Hoje é estudado em Universidades, cantado por vozes de diferentes continentes e até o famoso Bob Dylan usou o seu sobrenome como pseudónimo artístico. Saído de uma escola literária que teve autores como T. S. Eliot, Edith Sitwell, W. H. Auden ou Stephen Spender, não deixou, infelizmente, uma obra vasta à Humanidade. Mas a sua poesia, intensa, contemporânea, plena de vivência dos sentidos, toca a sensibilidade de gerações e está viva, em muitas línguas do globo, incluindo a portuguesa. «Deaths and Entrances" (1946) é um dos seus livros mais conhecidos, a par com os seus «Collected Poems» (1934-1952). É um dos ícones culturais do século passado.


 

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publicado por teresworld às 10:27





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