CAIS DA RIBEIRA
Barco Rebelo "Porto" Óleo sobre tela de José Júlio Barros
Quero lembrar outros tempos
outros tempos que vivi e não esqueci
Reviver o que senti e
cheirar os aromas que pairavam no ar...
Concentro-me
e calmamente deixo-me levar
Recuo no tempo...
Deixo sobre a mesa o pequeno livro que tentava ler
Abandono-o completamente
e debruço-me sobre a janela imaginária
a contemplar a paisagem
que nunca me canso de olhar
Estava uma linda tarde de primavera
O sol descia lá no horizonte
tingindo o mar num laranja indescritível
numa tonalidade diferente
Só para mim
Nunca consegui perceber como
aquela paisagem tão vulgar
para aquelas pessoas que viviam
junto dela
que faziam parte dela
me maravilhasse profundamente
É uma sensação estranha
Deixei-me por longos minutos paralisada
Absorvida por aquele retrato de postal
As águas deslizavam monotonamente
muito devagar...
Os pequenos barcos rabelos
lá no outro lado da margem
expostos aos olhares curiosos
de turistas ansiosos
balançavam...
As peixeiras atarefadas limpavam
as bancas de trabalho
Gaivotas sobrevoavam agitadas
lutando entre si
pelos pedaços de peixe
lançados no rio
No cais da ribeira
pequenas embarcações
estavam atracadas
decoradas com pequenas bandeiras
E os sons que escutava
eram sussurros
murmúrio de vozes
que estranhamente
cantavam para mim
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DOURO
Do teu leito
Nasce o fruto
O alimento
O trabalho
Do teu leito
Morre a vida
Para mim foste sempre diferente
Sempre que te recordo
Algo de novo me surge na memória
Existe entre nós um cordão
Que nos une
Quando no meu espirito tempestivo
Necessito de paz
É junto do teu regaço que a encontro