PAI
Quarta-feira, 19.03.08
Naquele dia levava comigo alguns livros de poesia
Sabia que estavas demasiado cansado para poderes falar
Assim tinha oportunidade de te ler, os poemas que eu lia
O esforço que fazia para não te abraçar
Com medo de te apertar, magoar…
O teu corpo desaparecia
E o leve manto que te cobria
Feria a pele que ansiava afagar
E as palavras deslizavam atropeladas
No sal das lágrimas mergulhadas
Quando em silencio te li
“Porque tu és de todos os ausentes o ausente”
Não sei o que mais gosto em ti
Se a tua inteligência
Que geneticamente me transmitiste
Se a tua teimosia
Que te é tão característica
Se a forma de veres o mundo
Tão politicamente correcta
Se simplesmente o facto de seres
O meu Pai