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SOLIDÃO

Quinta-feira, 10.05.07

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Pavel Filonov,

 com visões labirínticas inspiradas na Rússia medieval

 

 

Fugindo por momentos escassos de vida

Aproveito uma pequena distracção

Nos olhares curiosos dos outros

Escondo-me em mim

Fecho-me num imenso mar

Liberto-me em pleno no mundo submerso

Aquele que só a mim me pertence

Todos lutam

Não por um lugar ao sol

Mas um espaço na terra

Eu só quero para mim

Uns poucos momentos de solidão

 

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publicado por teresworld às 14:30

WALT WHITMANN

Quinta-feira, 10.05.07

Canto de mim mesmo

As casas e os quartos estão repletos de perfumes,

      as prateleiras estão repletas de perfumes,

Eu próprio aspiro essa fragrância, conheço-a e gosto dela,

Eu próprio dela poderia embriagar-me, mas não o

      permitirei.

A atmosfera não é um perfume, não sabe a emanação

      alguma, é inodora,

Para sempre ficará na minha boca, por ela me apaixonei,

Irei ao rio junto ao bosque e despojar-me-ei de disfarces

      e roupas,

Estou louco por entrar em contacto com ela.

O fumo da minha própria respiração,

Ecos, ondulações, murmúrios e sussurros, raiz do amor,

      fio de seda, forquilha e vide,

A minha respiração e inspiração, o bater do coração,

      o sangue e o ar que passam pelos meus pulmões,

 

O odor das folhas verdes e das folhas secas, da praia e das

      rochas escuras do mar, e do feno no celeiro,

O som das palavras que a minha voz atira aos remoinhos

      do vento,

Alguns beijos leves, alguns abraços, os braços à volta

      de um corpo,

O jogo de luz e sombra nas árvores com os dóceis ramos

      balouçando,

O prazer de estar só ou no tumulto das ruas, ou pelos

      campos e colinas,

A sensação de saúde, os gorjeios do grande meio-dia,

      o meu canto ao levantar-me da cama e encontrar o sol.

 

Achas que mil acres são muitos? Achas que a Terra é muita?

Praticaste o necessário para aprender a ler?

Sentiste-te orgulhoso por captar o sentido dos poemas?

 

Fica comigo este dia e esta noite e possuirás a origem

      de todos os poemas,

Possuirás o que há de bom na Terra e no Sol

      (há milhões de sóis)

Não terás coisas em segunda ou terceira mão, nem verás

      pelos olhos dos mortos, nem te alimentarás

      dos espectros dos livros,

Nem através dos meus olhos verás, nem de mim terás

      as coisas,

Escutarás tudo e todos e tudo em ti filtrarás.

 

Tradução de José Agostinho Baptista

  

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publicado por teresworld às 12:19





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