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NÃO ENTRES DOCILMENTE ...

Terça-feira, 13.11.07

 

 

 

Still Place by Katherine Kean, oil painting



Não entres docilmente nessa noite serena,
porque a velhice deveria arder e delirar no termo do dia;
odeia, odeia a luz que começa a morrer.


No fim, ainda que os sábios aceitem as trevas,
porque se esgotou o raio nas suas palavras, eles
não entram docilmente nessa noite serena.


Homens bons que clamaram, ao passar a última onda, como podia
o brilho das suas frágeis acções ter dançado na baía verde,
odiai, odiai a luz que começa a morrer.


E os loucos que colheram e cantaram o voo do sol
e aprenderam, muito tarde, como o feriram no seu caminho,
não entram docilmente nessa noite serena.


Junto da morte, homens graves que vedes com um olhar que cega
quanto os olhos cegos fulgiriam como meteoros e seriam alegres,
odiai, odiai a luz que começa a morrer.


E de longe, meu pai, peço-te que nessa altura sombria
venhas beijar ou amaldiçoar-me com as tuas cruéis lágrimas.
Não entre docilmente nessa noite serena.
Odeia, odeia a luz que começa a morrer.


Tradução
FERNANDO GUIMARÃES


Dylan Thomas

(1914-1953)

(in «A Mão ao Assinar este Papel",
Assírio & Alvim, 1998)

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publicado por teresworld às 10:30


4 comentários

De Emanuela a 13.11.2007 às 23:23

Fantástico poema Teres. Não aceitar simplesmente envelhecer,mas estar em busca de viver intensamente, até o fim.
Beijinhos!

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